PSICOLOGIA ANALÍTICA
Carl Gustav Jung nasceu a 26 de julho de 1875, em Kesswil, na, Suíça, era filho de Paul Achilles Jung, que exercia as funções de pastor protestante naquela localidade.
Mudou-se para Basiléia aos 4 (quatro) anos de idade, lá concluindo seus estudos, inclusive o curso médico, no ano de 1900, aos 25 anos. Deixou Basiléia para ocupar o cargo de segundo assistente no Hospital Burgholzli, de Zurique, em dezembro de 1900, instituição que desenvolveu importante atividade científica, sob a direção de Eugen Bleuler, sem dúvida um dos maiores psiquiatras de todos os tempos.
No ano de 1905, Jung foi designado primeiro Oberartz, assumindo o posto imediatamente abaixo de Bleuler na hierarquia do hospital, trabalhando incansavelmente como seu colaborador.
Destacam-se suas experiências sobre as associações verbais, cujo objetivo era esclarecer sobre a estrutura psicológica da esquizofrenia. Tais experiências conduziram-no à descoberta dos complexos afetivos. A conceituação de complexo, juntamente à técnica para detectá-lo, foi a primeira contribuição de Jung à psicologia moderna.
Somente no ano de 1907, Jung entrou em contacto pessoal com Freud, o que ocorreu no dia 27 de fevereiro, em Viena. Nesta visita, ambos conversaram por treze horas a fio, sendo que Freud logo reconheceu o alto valor de Jung, o qual deveria se tornar seu herdeiro na condução psicanálise, não fossem suas divergências posteriores. Freud viu em Jung "um filho mais velho”, um “sucessor e príncipe coroado" (carta de Freud à Jung, datada de 16.4.1909).
Nos anos que se passaram, entre 1907 e 1912, estabeleceu-se entre estes dois ilustres pensadores estreita colaboração. No outono de 1909, viajaram juntos aos Estados Unidos, por ocasião das comemorações do vigésimo aniversário da Clark University. Freud ali pronunciou as célebres cinco conferências sobre psicanálise e Jung apresentou seus trabalhos relativos às associações verbais.
Em 1910, foi fundada a Associação Psicanalítica Internacional. Freud usou toda sua influência para que Jung fosse eleito presidente dessa Associação, o que ocorreu. Porém, em 1912, o livro de Jung, METAMORFOSES E SÍMBOLOS DA LIBIDO marcava divergências doutrinárias profundas que motivaram o rompimento definitivo entre ambos.
Dentre alguns dos conceitos principais desenvolvidos por Jung, destacam-se:
CONSCIENTE - Na área do consciente desenrolam-se as relações entre conteúdos psíquicos e o ego, que é o centro do consciente. Para que qualquer conteúdo psíquico torne-se consciente terá necessariamente de relacionar-se com o ego. Os conteúdos que não entretêm relações com o ego constituem o domínio imenso do inconsciente. Jung define o ego como um complexo de elementos numerosos, formando uma unidade bastante coesa para transmitir impressão de continuidade e de identidade consigo mesma.
INCONSCIENTE - O inconsciente, na psicologia jungueana, compreende inconsciente pessoal e inconsciente coletivo.
Inconsciente pessoal - Esta denominação refere-se às camadas mais superficiais do inconsciente, cujas fronteiras com o consciente são bastante imprecisas. Aí estão incluídas as percepções e impressões subliminares dotadas de carga energética insuficiente para atingir o consciente; combinações de idéias ainda demasiado fracas e indiferenciadas; traços de acontecimentos ocorridos durante o curso da vida e perdidos pela memória consciente; recordações penosas de serem relembradas; e, sobretudo, grupos de representações carregados de forte potencial afetivo, incompatíveis com a atitude consciente (complexos). Acrescente-se a soma das qualidades que nos são inerentes, porém, que nos desagradam e que ocultamos de nós próprios, nosso lado negativo, escuro. Esses diversos elementos, embora não estejam em conexão com o ego, nem por isso deixam de ter atuação e de influenciar os processos conscientes, podendo provocar distúrbios tanto de natureza psíquica quanto de natureza somática.
Inconsciente coletivo - Corresponde às camadas mais profundas do inconsciente, aos fundamentos estruturais da psique comuns a todos os homens.
"Do mesmo modo que o corpo humano apresenta uma anatomia comum, sempre a mesma, apesar de todas as diferenças raciais, assim também a psique possui um substrato comum. Chamei a este substrato inconsciente coletivo. Na qualidade de herança comum transcende todas as diferenças de cultura e de atitudes conscientes, e não consiste meramente de conteúdos capazes de tornarem-se conscientes, mas de disposições latentes para reações idênticas.” (JUNG)
"Do mesmo modo que o corpo humano apresenta uma anatomia comum, sempre a mesma, apesar de todas as diferenças raciais, assim também a psique possui um substrato comum. Chamei a este substrato inconsciente coletivo. Na qualidade de herança comum transcende todas as diferenças de cultura e de atitudes conscientes, e não consiste meramente de conteúdos capazes de tornarem-se conscientes, mas de disposições latentes para reações idênticas.” (JUNG)
No âmago do inconsciente coletivo Jung descobriu um centro ordenador: o self (si mesmo). Desse centro emana inesgotável fonte de energia. Em determinadas circunstâncias esse centro corresponde ao superego da psicologia freudiana.
ARQUÉTIPOS - São possibilidades herdadas para representar imagens similares, são formas instintivas de imaginar. São matrizes arcaicas onde configurações análogas ou semelhantes tomam forma. Jung compara o arquétipo ao sistema axial dos cristais que determina a estrutura cristalina na solução saturada sem possuir, contudo, existência própria. O arquétipo funciona como um nódulo de concentração de energia psíquica. Quando esta energia, em estado potencial, atualiza-se, toma forma, então teremos a imagem arquetípica. Não poderemos denominar esta imagem de arquétipo, pois o arquétipo é unicamente uma virtualidade.
PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO - O processo de individuação não consiste num desenvolvimento linear. É movimento de circunvolução que conduz a um novo centro psíquico. Jung denominou este centro self (si mesmo). Quando consciente e inconsciente vêm ordenar-se em torno do self a personalidade completa-se. O self será o centro da personalidade total, como o ego é o centro do campo do consciente.A individuação nada mais é do que a tendência instintiva a realizar plenamente potencialidades inatas.
SONHOS: Jung publica a obra “Metamorfose e Símbolos da
Libido” em 1913, fundando assim a Psicologia Analítica em que expõe abertamente
as suas ideias em grande parte contrária à psicanálise.
A título de exemplo contrário à
psicanálise: Jung acredita na importância da sexualidade na vida humana, porém,
não a considera como o único e principal motivo propulsor da vida e das causas
das doenças psíquicas.
Em relação à interpretação dos
sonhos, Jung discorda do método de interpretação estruturado por Freud e
formula seu próprio método. Ao contrário deste, crê na importância da busca da
espiritualidade para uma vida saudável.
Nesse passo, na visão junguiana o
sonho é um mecanismo psíquico que revela um “mapa” do desenvolvimento da
personalidade na busca (consciente ou inconsciente) da vivência do si mesmo
(processo de individuação). Não esconde o que quer “dizer”. Muito pelo
contrário, expressa realmente o que quer expressar, porém, através de símbolos.
Ao contrário do que sustentava Freud ao dizer que os símbolos escondem o real
significado dos sonhos (a expressão de pulsões, desejos sexuais), Jung acredita
que os símbolos exprimem o real significado dos sonhos (um “mapa” do processo
de individuação).
SOMBRA: a sombra constitui-se de um arquétipo, geralmente
desconhecido do eu, que tende a ser projetado nos outros. Esse arquétipo esconde
nossas virtudes e defeitos, e se divide em dois aspectos:
· Positivo:
esconde qualidades positivas, virtudes, as quais o próprio indivíduo não
possui consciência. Ex.: Pessoas que praticam determinadas atividades
altruístas sem se darem conta do valor social dessas ações.
· Negativo:
é o lado sombra do ser humano, que também tende a ser projetado nos outros.
Exemplos de qualidades negativas: inveja, egoísmo, ciúme doentio, ódio, mesquinhez,
mentiras, falsidades, etc.
ANIMA: alma
animadora, a parte feminina dentro da psique masculina, normalmente a
influência da mãe ou da figura feminina importante na criação do homem.
No homem seu consciente é
masculino, porém, seu inconsciente é de natureza feminina (dominado pela anima).
O homem geralmente acredita que é
a razão que domina sua vida, porém, são os sentimentos, as emoções.
A anima possui dois aspectos:
· Positivo:
quando o homem toma consciência de sua anima,
o lado feminino de sua psique, este aprende a lidar com seus próprios
sentimentos, com a mulher, e com as pessoas de maneira geral.
· Negativo:
o homem que não toma consciência de sua anima,
torna-se prisioneiro dela podendo o sue eu
vir a expressar o não reconhecimento da anima
desencadeando comportamentos como: dependência, ansiedade, irritabilidade,
angustia, melancolia, entre outros.
ANIMUS: alma animadora, a parte masculina dentro da psique
feminina, normalmente a influência do pai ou da figura masculina importante na
criação da mulher.
A mulher geralmente acredita que
são os sentimentos que dominam sua vida, porém, é a razão.
Na mulher seu consciente é
feminino, porém, seu inconsciente é de natureza masculina (dominado pelo
animus).
O animus possui dois aspectos:
· Positivo:
a mulher que toma consciência de seu animus,
dos aspectos masculinos de sua psique, tem muito mais recursos para lidar com
suas reflexões e, assim, com o homem e as pessoas de maneira geral.
· Negativo:
a mulher que não toma consciência de seu animus torna-se prisioneira dele (uma
vez que o eu fica subjugado pelo animus). Quando o animus subjuga o eu pode expressar-se na forma de
dependência, subserviência, juízos irrefletidos, preconceitos infundados,
certezas não fundamentadas, “teimosias”.
TIPOS PSICOLÓGICOS:
Fluxo de libido: extroversão e introversão
Jung indica que a libido (energia
psíquica) flui em dois sentidos:
- extroversão: de dentro para fora da psique o indivíduo
tende a se orientar por fatores objetivos, externos.
- introversão: de fora para dentro da psique o indivíduo
tende a se orientar por fatores subjetivos, internos.
A extroversão e a introversão
estão presentes em todas as pessoas de duas formas opostas e complementares.
Assim sendo, se o indivíduo tem
no plano consciente a extroversão como sua orientação principal, seu
inconsciente terá como função inferior e indiferenciada (mas oposta e
complementar à orientação do consciente) a introversão. Seu consciente é
extrovertido, porém, seu inconsciente é introvertido.
Fontes:
Silveira, N. Jung: vida e obra. 7 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
Luis Marcelo Alves Ramos < http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/118968/1/ppec_616-671-1-PB.pdf> consulta em 21/05/2019.
Saiba mais um pouco das diferenças entre as teorias formuladas por Freud e Jung!
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